Fechados em casa embora a trabalhar a verdade é que temos de encontrar coisas com que nos distrair sob pena de psicologicamente nos irmos abaixo. Pássaro de campo, não quer capoeira, diz o povo na sua milenar sabedoria, pelo que sem o nosso passeio, sem o nosso café, sem os nossos amigos, urge encontrar uma ocupação de tempos livres.
Os vinhos, essa tão nobre paixão, podem dar o seu generoso contributo na medida em que de um lado puxam pela gastronomia, pela gula e o que lhe proponho é que puxe igualmente pela curiosidade e pela organização. Vamos por pontos.
Passando mais tempo em casa podemos fruir a mesa de outra forma bem mais rica e interessante do que numa vida normal de casa trabalho casa. É mais fácil prepararmos aqueles pratos de que mais gostamos e com eles irmos à nossa cave procurar vinhos com mais corpo e alegria para, à mesa, marcarmos encontro e dele fruirmos.
Ora bem, encontrar este ou aquele vinho na cave pode ser tarefa mais espinhosa quando no dia a dia nem temos quase tempo para dela nos lembrarmos, quanto mais de organizar. Desafio lançado, invista parte do seu tempo a organizar a sua garrafeira, é tempo bem empregue e de grande utilidade e prazer.
Já que abordamos o tema da garrafeira é uma excelente oportunidade de a enriquecer associando-se, por exemplo a um Clube de Vinhos, que com rigor e critério escolhem os melhores vinhos para si frequentemente desconhecidos, mas com a enorme vantagem de lhe desvendarem a sua história e lhe aconselharem os casamentos gastronómicos indicados. Em suma junta-se a curiosidade ao prazer.
Por outro lado e em acréscimo porque não acrescentar valor a este tempo que passa em torno do vinho e juntar-lhe, digamos, uns belos enchidos tradicionais, uns queijos dos típicos, ou um azeite único, presunto de chorar, e pouco a pouco redescobrir aquele prazer que é a mesa e o renovar da mais importante herança que temos: a do paladar.
Aceita esta sugestão e embrenhe-se nestas tarefas e verá que se esquece do tempo que passou.